terça-feira, 16 de agosto de 2011

Era só questão de dia...

... um dia ia acontecer.



- Ao som de músicas. - confirmou Mary a sua filha.

Ela consultou sua prateleira repleta de livros empoeirados e correu o dedo até sua sessão favorita. Quatro livros não muito grandes, diferentes em comprimento, mas quase da mesma altura.
Com delicadeza retirou da prateleira o terceiro deles.

- Essa. - ela se voltou para a filha. - Foi minha agenda daquele ano, onde em todos os dias eu relatei o que acontece, sendo bom, ruim ou simplesmente sendo.
Mary entregou nas mãos da pequena Lili sua agenda do ano de 2012, como se ali estivesse toda sua vida, como se entregasse o que tinha de mais precioso, com exceção da própria filha.
Lili correu para seu quaroa, com toda sua inocência de criança, empolgada para ler os segredos da mãe de quinze anos anteriores, enquanto isso Mary sentia cada recordação inundar seus pensamentos.
Era como seu ídolo havia dito, sempre alegre ou sempre triste é sempre chato, aquele ano encontrou mais altos e baixos do que ela poderia imaginar. Humberto estava certo, não teve nada de chato num ano tão equilibrado.
Mary sentiu uma onde de nostalgia invadir seus olhos, seu corpo, ao som do baixo, bateria, guitarra e viola caipira, sabendo cada esquina daquele ano cheio de curvas. Poderia ter sido o melhor ano da sua vida, se todos os anos não tivessem sido os melhores.
Ela olhou para o lado e sorriu, distante da casa em PoA onde morava agora.
Ao longe o som da porta da sala se abriu e Lili quebrou toda a tranquilidade da casa correndo para os  braços do pai.

- Papai, olha o que a mamãe me deixou ler.

Paulo olhou para a agenda e sorriu. Havia uma pequena parte dela somente dedicada a ele.
Delicadamente ele folheou as páginas da agenda até onde ele havia escrito doces palavras em uma primavera de quinze anos anteriores e as mostrou para Lili.
Ela leu com entusiasmo, com toda a dificuldade de uma garota de sete anos de idade. Mary observava os dois de longe, sabendo que muito do que havia naquela agenda havia levado tanto Paulo, como ela, a estarem ali com Lili, mostrando o passado, planejando o futuro e vivendo o presente.
O olhar de Paulo se cruzou com o de Mary e os dois sorriram apaixonados.
Nostalgia novamente, ao som de uma das músicas que cantavam de dentro daquela agenda tão especial e que guardava um ano tão recente, para quinze anos depois.

O celular de Mary começou a tocar a trilha sonora do mês de setembro da agenda nas mãos de Lili, e por menos que ela desejasse, aquele momento encantado se distanciava por um segundo para que ela pudesse enfrentar novamente a vida real.

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