domingo, 16 de outubro de 2011

Quem te o mapa...

... qual é a direção? (8)



Câncer.

Quando essa palavra feriu meus ouvidos não imaginava que feriria toda a minha vida.
Ela entrou sem pedir licença e já foi trocando tudo de lugar, não deu tempo para questões, simplesmente tomou um lugar que não era dela.
Eu? Num primeiro momento tentei acreditar que tudo se estabeleceria, mas conforme as outras notícias iam chegando tinha cada vez mais a certeza de que não era uma visita passageira e muito menos prazerosa.
Ninguém me ouvia, todas as palavras que diziam era ignoradas.
Parecia que gritava, com toda a razão, para o nada. E cada palavras que havia sido ignorada ia se confirmando.
De começo tinha um certa noção de como as coisas caminhariam, depois tive mais e mais certezas e porque eu, só eu, sabia o que estava por vir?
Ninguém me ouvia e as coisas que dizia continuavam a se confirmar.

Não gosto de pensar que as pessoas ignoram os fatos que estão claramente a frente delas, que se apeguem ao que quer que seja para não encarar de frente a realidade.
Assim se sofre mais.
Não gosto também da minha postura sempre forte, sempre de cabeça erguida, como se nada me abatesse, mas não adianta tentar mudar, isso é e sempre será meu.
Sei que quando minha mãe olha nos meus olhos ela consegue enxergar o que sinto, mas ninguém mais tem esse dom de prever o futuro e afirmar o passado.
Mãe é mãe, pai não serve, vó não entede, madrinha supõe, mas só mãe sabe.
É assim que caminha a humanidade, filho sempre vai ser mais ligado a mãe, o pai pode ser o que for, mas essa tal de mãe tem alguma coisa que conta para ela tudo o que está acontecendo com sua cria, sempre linda a seus olhos.
A minha não é diferente, duas palavras e ela mostrou que já sabia algo que tento falar há uns, sei lá, seis anos... 

Fugi do raciocíneo de que não gosto que as pessoas fujam do que acontece na vida delas, é errado.
As pessoas ficam esperando, paradas, que alguma coisa aconteça para que tudo mude de rumo e fique mais bonito.
Eu não. 
A vida inteira sempre esperei o que era de se esperar, assim poupava um pouco de sofrimento, estava mais preparada e não me surpreendia. Se as coisas mudassem de rumo, ok, era para melhor.
Lidar com o que tenho. Sempre fui a favor disso.
Sem fantasias, sem sonhos, sem um jato de luz do céu... Lidar com o que me é apresentado da melhor forma, trabalhar as ideias.
Sei que é demasiado cruel dizer para que todo mundo perca as esperanças e quebre suas correntes de orações.
Lá no fundo também espero um milagre, mas tento não me apegar a isso com prioridade e dar um jeito de agir com o que tenho por aqui, com o que Deus mandou e dá para tocar.
Com o que temos de real no momento. O cardápio do dia.
Quem sabe o dono do restaurante não resolve fazer uma mudança e colocar uma comida que me agrade mais... mas se não, já estou preparada para um almoço menos agradavel.
Crueldade? Não, esquiva do sofrimento.

Essa frieza também não vem de pouco, porque entre quatro parades tudo fica claro e ninguém fica indiferente.
E de que adianta as lágrimas, os gritos e o desespero que meu peito insiste em me lembrar a cada momento que estão ali, só esperando para explodir? 
Tenho a sensação de que preciso ser mais forte do que todos, depois que tudo passar eu me viro com os estragos da noite.
Noite essa que não queria, não imaginava. 

Noite essa que conto os segundos para amanhecer. 

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