domingo, 23 de dezembro de 2012

Nunca mais saiu da minha boca...

... nenhum elogio a nenhuma paixão ♪



Eu te olho com urgência, não diga aquelas palavras que me devastam. Não, não agora, não se vá e me deixe sozinha por entre escombros de um coração partido, no meio do que sobrou daquele futuro idiota que um dia sonhamos juntos para nós. Você sabe que eu tenho medo do escuro, que pesadelos me deixam sem ar e que meu coração acelera cada vez que você toca minha mão com delicadeza. Sim, eu sei que você sabe que  ainda estremeço quando você sussurra "eu te amo", sabe também que quando me coloca em seu colo, no calor de seus braços, o mundo desaparece e eu encontro o meu lugar, que por tanto tempo procurei. Eu, que andava por aí desajustada, sem rumo nem beira, sem sentido ou razão; sobrevivia de restos de atenção fajuta, de sonhos de papel que se dissolviam com as lágrimas que insistiam em cair durante a noite, porque eu procurava você e não te encontrava. E agora que encontrei e depois de tanto tempo segura em um lugar que parecia ser meu, você quer partir, me deixando novamente com o escuro e a solidão, levando consigo minha casa, meu conforto e minha vida, que de tanto desejar pela sua, acabou se confundindo com ela. Não vá, desfaça esse pesadelo que me atormenta, diga que é apenas mais um sonho ruim como aqueles nos quais você me acorda no meio da madrugada e silencia meu medo, acariciando meus cabelos bagunçados e dizendo que tudo ficará bem. Eu ainda sinto sua respiração pesada tocando minha nuca enquanto eu sorrio, silenciosamente para não acordá-lo, pela sorte grande de ter encontrado você; posso escutar sua voz falando meu nome quando faço algo inevitavelmente irritante; eu ainda sinto você aqui, mesmo estando distante de mim agora. Me falha a visão, me falta voz para gritar, mas não se vá... Simplesmente não vá.


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