Ontem à noite eu cometi um erro grave, daqueles que você confessa
baixinho para que não te olhem com desprezo ou raiva. Um erro triste, cheio de
mágoas, de lembranças e de vontade de voltar atrás. Um erro severo, que trouxe
a luz todos os outros que eu quis esconder na sombra do meu orgulho. Abri uma
caixa de pandora repleta de recordações de vidas passadas, que já não são
minhas. E eu ri de piadas que já não tem graça e chorei algumas lágrimas de
saudade... E desejei que alguns que se foram estivessem aqui. Aquela incrível
montanha russa que somente a adolescência te permite, de sentimento e impulsos
justificáveis pela fase, mas que no drama pessoal se tornavam fatal realidade.
Eu queria voltar. Quanta saudade e quanto querer o passado me deixou e quantos
erros bobos eu já não cometi que se tornaram irremediáveis. E a falta do perdão
em meu coração é a falta do perdão no coração daqueles que eu tanto sinto
saudade. Queria dividir minhas conquistas e meus medos novamente com a garota
loira que sempre esteve ao meu lado nas janelas de print do msn, mas que se foi
assim tão de repente, sem querer explicações, sem sequer querer ficar. Queria
só mais uma conversa com piadas ácidas com o vizinho da melhor amiga, que me
fez viva, me fez grande, me fez forte. Que via além do simples, das palavras,
da insignificância Queria me desculpar, dizer que foi necessário, que naquele
momento eu não tinha saída e nem escolha e nem pensava. Queria o moço das
caminhadas no parque, trocar mensagens sem sentido e ter alguém com quem
contar, alguém pra visitar e para planejar filmes, ouvir músicas e crescer
junto. Queria sentir saudade sem sentir falta e que o passado não fosse tão
determinante no futuro, que de madrugada eu ainda tivesse apoio, que o Natal
ainda fosse especial e que o seriado que nunca se encerra fosse um elo eterno.
Queria que eles, mais do que ninguém, lessem esse texto que não fala apenas
sobre os meus amigos, mas dos amigos que perdemos para longe nessa vida. Das
rotinas que deixamos, dos erros que cometemos e que desejamos com todo o
coração que alguém nos desculpe para vivermos em paz. Quais perguntas nunca
foram feitas, qual foi um instante exato antes da mudança? E como olhar para
trás se a vida só nos permite andar para frente? Como deixar os olhos marejados
se no dia seguinte o sorriso deve consumir meu rosto como uma tatuagem? Porque
na sua colação eu estava e na sua formatura também, e quando você começou a
trabalhar eu te dei os parabéns e no seu aniversário eu também fui, e eu sempre
estava lá, eu sempre torci por você. E quando você terminou eu te ajudei, e
quando você engravidou eu fui uma das primeiras a saber e quando seu filho
nasceu eu também estava lá. E quando você decidiu ficar eu apoiei, e quando
você aprendeu a dirigir eu saí com você, e quando você começou a namorar e
comprou seu apartamento eu te dei os parabéns. E eu queria vocês na minha
formatura, contar do meu novo emprego, reclamar da minha vida monótona,
perguntar se concordam ou não que eu mude de cidade. Saber se sentem a minha
falta também e se as vezes pensam que as coisas poderiam ter sido diferentes,
talvez melhores, talvez ainda juntos. Essas não são palavras para um blog de
crônicas, essas são palavras para um e-mail de perdão, de justificativa ou de
dúvida: o que foi que nos aconteceu, será que você poderia deixar para lá? E eu
sei que vocês nunca chegarão a ler, porque não existem meios que nos conectam
mais. Rompemos todos os fios.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
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Talvez algumas pessoas que estão ou não nesse texto também só queiram balançar uma bandeira branca.
ResponderExcluirEntão balancem, procurem as pessoas certas, digam com amor o que deve ser dito. O orgulho fere muito mais a seu dono do que as visitas.
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