Perguntaram a ela um bom motivo para despertar.
Abrir os olhos para um novo dia as vezes não nos parece a melhor opção, as vezes realmente não é, mas quando tudo está desabando, alguma coisa a mantinha de pé.
Demorou muito para que ela soubesse que sua paz tinha nome e não apenas um, mas vários.
Era como se ela soubesse que existia um lugar, não exatamente físico onde podia ser, tão só e somente ela mesma e mais nada. Não havia o que esconder, não havia porque esconder.
Parecia banal aos olhos dos demais, chegava a ser questionável, improvável, mas é tão real e tão vivo quanto as batalhas e feridas do dia a dia.
Ela se divertia com quem dizia o contrário, porque, na verdade, naquela vida que eles diziam ser a real, ela só podia vestir sua máscara cotidiana, com pessoas que fingiam se importar, com coisas que mentia gostar e com uma vida que não era sua.
A soma de todas as partes não resultavam em um todo.
No mundo contrário, paralelo àquele, ela se fazia ela mesma e era assim que era gostada, que era amada e principalmente, que era cuidada.
De simples mensagens a extensas conversas.
A contramão era o melhor caminho e ela sabia que ali havia abrigo e não podia ser mais direta, era uma sacana em meio de suas anjinhas da guarda, que de tão guardiãs, caminhavam lado a lado com ela, não seguindo ou indicando seus passos, mas a ajudando a caminhar.
E a trilha sonora daqueles dias tinha razão, longe longe longe aqui do lado, paradoxo, nada as separa.
Venenos anti-motonias, parabólicas, sotaques e caronas, highways de estrelas e tantas outras coisas que faziam aqueles dias valer a pena diziam, com razão, sobre quanto vale a vida.
Perguntaram a ela um bom motivo para despertar.
Bom dia, ela respondeu sorrindo, de uma forma que só quem sabia podia entender.