sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Não tem parada errada não...

... no olho do furacão (8)



O sentimento de que tudo que se toca transforma-se em pó.
Consequências de uma carga emocional demasiada, que aos poucos pesa dos olhos profundamente escurecidos de vida. 
Saudades.
De todos os venenos já degustados, o gosto mais amargo e infinito é este que nos faz desejar o que está longe, tanto dos olhos como do coração.
Observo o horizonte repleto de tudo que quero, mas eternamente horizontal, jamais possível de se alcançar, caminhar em linha reta pode ser pior que andar em círculos.

Tudo mudo ao teu redor, o que era certo, sólido, dissolve, desaba, dilui... desmancha no ar.

Besteira construir a estrutura de uma vida, de quem você é do que deseja ser, em cima de sonhos, em cima de pessoas, em cima de sentimentos.
Nada que se move é confiável, não vale a pena depositar o que de mais precioso você espera ter em objetos, emoções e pessoas que simplesmente podem desfazer a harmonia do equilíbrio e deixar vir ao chão o que você construiu com tanto empenho.
Parece uma busca infinita encontrar algo que justifique os motivos para simplesmente continuar.
E tudo que toco parece desmoronar, um barco em ruínas esperando o primeiro deslize para enfim naufragar e levar consigo todas as histórias que já passaram por ali.

De grão em grão, por entre os dedos, tudo parece escapar.

Um comentário :

  1. Versos realmento tocantes.
    De uma passada la nos Versos... escrevi uma crõnica sobre o verão bem bacana e gostaria da sua opinião.
    http://versosembossa.blogspot.com/

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