terça-feira, 10 de setembro de 2013

Eu roubei estes versos...

... como quem rouba pão 



há quanto tempo a caneta e o papel não me são mais velhos conhecidos, rotineiros, habituais, que dizem por mim o que tanto a angústia consome de meus olhos cansados. as restrições de uma vida média me pedem e impedem de libertar meus pensamentos infinitos do horizonte tão distante, mas sempre horizonte. sendo assim, meu caro leitor, o que me sobra são os raros momentos em que a tristeza é verdadeira, imersa numa dor aguda que nasce em meu cerne e morre em meu querer, tão distinta das outras dores que me colocam os pés no chão para os problemas banais, para as lágrimas já habituais. meu choro se repete, automático, seco; a rotina me roubou até mesmo os olhos de ressaca. mas hoje a tristeza não é passageira, já dizia o poeta, ela desponta da parte mais sincera do pouco eu que ainda resta, trazendo ondas de uma saudade dissimulada, dessa cigana oblíqua que nunca sabe o que quer.

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