me perdoe. ela pensou, enquanto ouvia a voz dele se distanciar e se perdia em seus próprios pensamentos. nada doía mais que saber que fez tudo errado. ele continuava a falar, sem perceber, de tudo o que perdeu por estar ali, sem entender que o que não se possuí é sempre mais doce do que o concreto. os dois se entreolharam por alguns segundos e ela se lembrou que algum dia, há anos e anos atrás, os dois correram de mãos dadas por entre as ruas de uma cidade sem vida, pelas vielas desconhecidas, fugindo de ritos de passagem tão banais. ele levantou para atender o telefone e ela recuperou-se de seu devaneio inútil, era tolice persistir em um passado que, definitivamente havia passado. "quem era?" ela perguntou quando ouviu o barulho do telefone batendo no gancho, mas ele não respondeu. ela não ligou, ora ou outra ele falava, já era rotina esse tipo de rotina. o eco do pedido de perdão começou a incomodar, apesar da certeza que as escolhas eram dele, ela sabia que era por causa dela. ou por culpa dela. "nos convidaram para um jantar" ele apareceu na porta do quarto, encostou nela descontraído, com um sorriso torto. ela sorriu sem jeito e caminhou até a cama, beijou sua boca, depois sua testa e novamente sua boca. "porque será que eu te amo tanto?" ele tornou a beijá-la e se acomodou ao seu lado. a culpa voltou a doer bem perto ali do nó da garganta. "vamos no jantar?" ele sussurrou e logo emendou "no que você tanto está pensando?". ela pensou em confessar seus demônios, mas desistiu. "no vestido que vou usar". ele sorriu e ela também, o muro que os separava se erguia.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Não foi assim...
... que eu sonhei a nossa vida ♪
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