me perdoe. ela pensou, enquanto ouvia a voz dele se distanciar e se perdia em seus próprios pensamentos. nada doía mais que saber que fez tudo errado. ele continuava a falar, sem perceber, de tudo o que perdeu por estar ali, sem entender que o que não se possuí é sempre mais doce do que o concreto. os dois se entreolharam por alguns segundos e ela se lembrou que algum dia, há anos e anos atrás, os dois correram de mãos dadas por entre as ruas de uma cidade sem vida, pelas vielas desconhecidas, fugindo de ritos de passagem tão banais. ele levantou para atender o telefone e ela recuperou-se de seu devaneio inútil, era tolice persistir em um passado que, definitivamente havia passado. "quem era?" ela perguntou quando ouviu o barulho do telefone batendo no gancho, mas ele não respondeu. ela não ligou, ora ou outra ele falava, já era rotina esse tipo de rotina. o eco do pedido de perdão começou a incomodar, apesar da certeza que as escolhas eram dele, ela sabia que era por causa dela. ou por culpa dela. "nos convidaram para um jantar" ele apareceu na porta do quarto, encostou nela descontraído, com um sorriso torto. ela sorriu sem jeito e caminhou até a cama, beijou sua boca, depois sua testa e novamente sua boca. "porque será que eu te amo tanto?" ele tornou a beijá-la e se acomodou ao seu lado. a culpa voltou a doer bem perto ali do nó da garganta. "vamos no jantar?" ele sussurrou e logo emendou "no que você tanto está pensando?". ela pensou em confessar seus demônios, mas desistiu. "no vestido que vou usar". ele sorriu e ela também, o muro que os separava se erguia.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Não foi assim...
... que eu sonhei a nossa vida ♪
terça-feira, 25 de junho de 2013
Em livros de história...
... seremos as memórias dos dias que virão ♪
diário de campo, primeiro dia de protesto:
saímos as ruas, sim meu caro amigo, sãopaulo-rio já estavam lá há muito tempo e então, as pequenas cidades do gigante também resolveram acordar. mas como todos que acordam, ainda sonolentos, sem saber onde estão e o que fazer. mas acordam, o despertador chama para o 'verás que um filho teu não foge a luta' e todos vão, com o coração acelerado de vontade de gritar com o orgulho que há muitos anos a vergonha nos impede. e de repente, estava lá, a pequena parte dessa pátria amada, gritando que era apenas o começo, que não teria fim, que iríamos endireitar o país. e daqui alguns anos, meu caro amigo, tenho fé que não terá sido em vão. as bombas caíam, a cidade estava em chamas. lágrimas forçadas, respiração acelerada, uma nuvem de revolta confundia-se com a nuvem armada por quem, vejam só, deveria nos proteger: mas proteger de quem? acordamos então, e pouco a pouco escolhemos por qual guerra iremos lutar, tendo a nítida visão de que tudo está apenas começando: vamos mudar o Brasil. e então, quando nossos filhos perguntarem sobre a revolução de 2013, diremos com orgulho e certa nostalgia que nós ajudamos a fazê-la.
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