... esperei o dia amanhecer ♪
Um suspiro me faz sorrir.
O som toca palavras que não fazem sentido nenhum agora, mas que parece tornar o ar do quarto leve, me faz flutuar em um espaço de segundo que me perco olhando para o teto.
Mas eu tenho um balão, nada pode fazer ninguém mais feliz do que isso, até que ele murche, caia e leve embora tudo consigo, é claro.
Projetar as necessidades, medos e alegrias em uma representação de uma infância passada, de um passado infantil, faz parecer que a vida pode, por alguns instantes, ser sutil e doce como jamais foi.
Diversas marcas invadem meu quarto dizendo sobre a linha ambígua entre a euforia e depressão, a bipolaridade que meu passado sempre trás a tona quando, em contraste com meu presente, reflete em um coração obscuro, dor e solidão.
Uma fita vermelha corta minha visão e conduz meus olhos até o coração suspenso acima de mim. Brinco como uma criança na linha que divide meu coração infantil e meus anseios de uma aspirante a mulher.
Quantos sinais de uma criança permeiam um quarto com ursinhos, pirulitos de chocolate, convites de casamento de personagens da minha infância e um balão?
Não é isso que diz sobre essa parte tão inocente de mim.
Fecho os olhos e vejo, perdido em algum lugar, lembranças perdidas de brincadeiras imaginárias. A imagem muda, um colo, um abraço e a certeza de que o mundo nunca mais poderia me ferir.
Sorrio.
Mesmo com uma lágrima afiada caindo, mesmo com as ondas de meu mar de fel me afogando... Eu sou uma sobrevivente e esse mês, como sempre, vem afirmar isso ano após ano.
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