terça-feira, 23 de outubro de 2012

Risque outro fósforo...

... outra vida, outra luz, outra cor ♪



Quando o céu escuro é cortado por um raio, o barulho só reflete algo que já aconteceu e não se pode voltar atrás. 
Depois vem a calmaria.
A tempestade só serve para fazer desabar um acúmulo de coisas que aumentam, pesam e se dissolvem em tão pequenas quanto eram. Ela devasta.
Quisera Deus me dizer como desfazer tempestades de papel, que são lavadas pela chuva e dissolvidas na imensidão de meus pensamentos.
Como parar essa força que me prende ao que se desfaz com sutileza e espontaneidade... Como resistir ao desejo encarnado em meus olhos sonhadores, que de tanto sentir, entristecem.

Luz.
Estonteante dançarina dos dias, que guia os passos e afasta os males que a escuridão oculta. Pequena esperança que nos confunde, porque quanto mais olhamos, mais cegos nos deixa.
Ilusão boba essa de achar que se pode tocar o que é abstrato, porque nada é tão forte que não possa ser quebrado e nem frágil que não possa se fortalecer.
O infinito dura um segundo na minha contagem de tempo, um segundo eterno no qual ainda estou parada.

Pesadelos.
Não existe um dia que não finde na noite serena, que carrega consigo estragos profundos, que causa pequenas mortes na lentidão dos sonhos que gritam até enrouquecer sobre seus medos e mais do que eles, gritam seus desejos ignorados.
Não adianta fugir do que está dentro.
E por mais que não acredite em destino, eu sei que o meu é você.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ainda era noite...

... esperei o dia amanhecer ♪



Um suspiro me faz sorrir.
O som toca palavras que não fazem sentido nenhum agora, mas que parece tornar o ar do quarto leve, me faz flutuar em um espaço de segundo que me perco olhando para o teto.
Mas eu tenho um balão, nada pode fazer ninguém mais feliz do que isso, até que ele murche, caia e leve embora tudo consigo, é claro.
Projetar as necessidades, medos e alegrias em uma representação de uma infância passada, de um passado infantil, faz parecer que a vida pode, por alguns instantes, ser sutil e doce como jamais foi.
Diversas marcas invadem meu quarto dizendo sobre a linha ambígua entre a euforia e depressão, a bipolaridade que meu passado sempre trás a tona quando, em contraste com meu presente, reflete em um coração obscuro, dor e solidão.

Uma fita vermelha corta minha visão e conduz meus olhos até o coração suspenso acima de mim. Brinco como uma criança na linha que divide meu coração infantil e meus anseios de uma aspirante a mulher.
Quantos sinais de uma criança permeiam um quarto com ursinhos, pirulitos de chocolate, convites de casamento de personagens da minha infância e um balão?
Não é isso que diz sobre essa parte tão inocente de mim.
Fecho os olhos e vejo, perdido em algum lugar, lembranças perdidas de brincadeiras imaginárias. A imagem muda, um colo, um abraço e a certeza de que o mundo nunca mais poderia me ferir.

Sorrio.
Mesmo com uma lágrima afiada caindo, mesmo com as ondas de meu mar de fel me afogando... Eu sou uma sobrevivente e esse mês, como sempre, vem afirmar isso ano após ano.

Eu sei que nada aconteceu, mas está tudo assim, tão diferente.


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